Tinha estado em vários lugares antes daqui. Ás vezes estava de verdade. Por outras, estava de verdade também, mas não era preciso sair do lugar.
Agora, em volta, há paredes em tons açaí, o que faz parecer ou confirma que tudo é mais tristeza.
Cômico ou não, mudanças de humor eram mais comuns do que poderia planejar. Ontem, a plataforma era pequena demais para quem só queria dançar. Toda aquela alegria havia comprado, engolido a seco, devagar e sem pressa, que era para durar, que era para acompanhar por pouco mais tempo um pouquinho que fosse aquele corpo.
Vez ou outra era bom que conseguisse se sentir bem; momentaneamente, instantaneamente e, quase que espontaneamente, não tivesse pago cada gole daquela alegria que virava seu consciente, seu vasto consciente inconsciente em menos de um segundo.
Cômico ou não, mudanças de amor eram mais freqüentes do que poderia esperar, imaginar. Hoje, não há nada em especial para lembrar. O corpo está cansado e, sabe que, literalmente e simbolicamente tudo está fora do lugar. Sabe que as noites prometem, prometerão, mas que, durante o dia – enquanto sóbria – é pior ainda respirar ilusão. Tem todos ao mesmo tempo e sabe que continua sozinha, sem lugar para encostar.
Quando duvida da capacidade de amar novamente, logo quem muito já amou, sofreu, morreu, se entregou perdidamente. Não sabe mais se o que chamam de AMOR pode um dia voltar. Gostaria, mas quase desiste de tentar, pois se pergunta se ainda pode se enquadrar, se ainda saberia, novamente, amar.
É difícil escrever o surreal quando não se vive fora da realidade. É difícil falar do céu quando não o toca, quando nem o vê. Pior ainda, é saber que nem do inferno tem algo a dizer, porque nem lá te querem bem. É aqui mesmo que vai ficar e, talvez, um dia, aprender a esperar, a viver tudo outra vez...